José Carranca Redondo aproveitava as suas viagens de trabalho para entregar em mão, nos vários cafés e bares por onde ia passando, produtos de merchandising.

Sempre que entrava num café, o empresário pedia um Beirão. Se lhe respondiam “não temos” a reação era, invariavelmente, a mesma: “Como é que é possível um café destes não ter o melhor licor do mundo?!”. No dia seguinte, o agente da zona ia pessoalmente a esse café comercializar o produto. O empresário costumava também marcar jantares com dezenas de amigos num restaurante e, logo à entrada, pedia Beirão para todos. Se o empregado dissesse que não tinha, Carranca respondia de imediato “nesse caso, vamos embora!”. Nos dias seguintes, estava garantida a passagem do distribuidor por esse restaurante.

Na verdade, esta “técnica” foi sempre utilizada pelo empresário que, desde o lançamento do licor no mercado, pedia aos amigos e conhecidos que, quando viajassem, pedissem Licor Beirão nos cafés, bares e restaurantes, por onde passassem, principalmente nos de reconhecido mérito, de forma a estimular a necessidade dos estabelecimentos de maior prestígio oferecerem Beirão aos clientes.

De forma a dar mais destaque ao Licor Beirão nestes estabelecimentos, o empresário oferecia aos donos dos cafés merchandising da marca, que estes colocavam em locais bem visíveis. Quem não se recorda dos famosos suportes para guardanapos que eram marca obrigatória dos cafés portugueses nos anos 60? E os autocolantes das casas de banho dos cafés com o lembrete “não se esqueça de apertar as calças”?

Os táxis portugueses – os clássicos, pretos e verdes – também não escaparam ao olho empresarial de Carranca Redondo e era raro encontrar um que não tivesse nas janelas um autocolante a dizer “feche as portas com cuidado”. Os taxistas chegavam mesmo a pedi-los à marca, para conseguirem alertar os clientes para a necessidade de fechar as portas devagar. O objetivo era sempre o mesmo: divulgar a marca e a imagem da bebida e enraizar, cada vez mais, no imaginário dos consumidores, a ideia do Licor Beirão como o Licor de Portugal, aquele que estava em toda a parte.

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